GRAÇAS À RÃ MAINU ( Conto Africano)
Quando o filho de Kimanaueza chegou à idade de casar, o pai
perguntou.-lhe se queria escolher a noiva. Mas ele deu uma resposta
surpreendente:
– Não me casarei com uma mulher da terra, só casarei com a filha do
senhor SOL e da senhora LUA.
– E como pensas pedi-la em casamento?
– Cá me hei de arranjar.
O rapaz escreveu uma carta e foi pedir a um veado que a levasse. Ele
recusou:
– Sendo um animal terrestre, não posso levar ao céu a carta.
– Tens razão, vou arranjar outro mensageiro.
Depois de falar com o antílope que lhe deu uma resposta semelhante à do
veado, o rapaz procurou quem pudesse voar. Teve uma conversa com o falcão, que
ainda agitou as asas mas desistiu:
– Desculpa, não te posso valer. O céu é muito alto.
Quanto ao abutre, foi mais direto:
– Nem penses. O fôlego só me permite ir até meio caminho.
Desconsolado o rapaz guardou a carta. Acontece que a notícia daquele
estranho desejo já se tinha espalhado pela aldeia e chegou aos ouvidos da rã
Mainu, que resolveu oferecer os seus serviços. O rapaz ficou admirado e até
zangado:
– Como te atreves a dizer que vais ao céu se aqueles que possuem asas
garantem que não é possível!
– Dá-me a carta e eu levo-a - insistiu a rã Mainu.
Ele aceitou com maus modos.
– Toma. Mas olha que se não cumprires o combinado, levas uma sova.
A rã não ficou nada aflita. Dirigiu-se ao poço onde o povo do Sol e da
Lua costumava abastecer-se de água, prendeu a carta na boca, desceu e ficou
quieta. As pessoas esperadas não tardaram e logo que lançaram o balde à água a
rã entrou disfarçadamente e assim viajou até ao céu sem ninguém saber. Chegando
ao destino, deu um pulo e foi colocar a carta no quarto do rei Sol e da senhora
Lua. Eles ficaram muito admirados quando leram a carta, mas aceitaram o pedido.
A rã Mainu regressou a casa pelo mesmo processo. A noiva desceu à terra
deslizando por um fio especial tecido pela aranha que servia o rei. O rapaz
casou com a filha do senhor Sol e da senhora Lua, foram felizes para sempre e
tudo graças à inteligência viva da rã Mainu.
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