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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O SAPO E A COBRA- lenda africana

 O SAPO E A COBRA-lenda africana

O SAPO E A COBRA -Lenda africana

Lenda africana
(Esta fábula do folclore africano faz- nos refletir sobre como o mundo seria melhor sem os preconceitos que afastam as pessoas.)

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Era uma vez um sapinho que encontrou um bicho comprido, fino, brilhante e colorido deitado no caminho.
- Alô! Que é que você está fazendo estirada na estrada?
- Estou me esquentando aqui no sol. Sou uma cobrinha, e você?
- Um sapo. Vamos brincar?
E eles brincaram a manhã toda no mato.
- Vou ensinar você a pular.
E eles pularam a tarde toda pela estrada.
- Vou ensinar você a subir na árvore se enroscando e deslizando pelo tronco.
Eles subiram. Ficaram com fome e foram embora, cada um para sua casa, prometendo se encontrar no dia seguinte.
- Obrigada por me ensinar a pular.
- Obrigado por me ensinar a subir na árvore.
Em casa, o sapinho mostrou à mãe que sabia rastejar.
- Quem ensinou isso para você?
- A cobra, minha amiga.
- Você não sabe que a família Cobra não é gente boa? Eles têm veneno. Você está proibido de brincar com cobras. E também de rastejar por aí. Não fica bem.
Em casa, a cobrinha mostrou à mãe que sabia pular.
- Quem ensinou isso para você?
- O sapo, meu amigo.
- Que besteira! Você não sabe que a gente nunca se deu bem com a família Sapo? Da próxima vez, agarre o sapo e... Bom apetite! E pare de pular. Nós cobras não fazemos isso.
No dia seguinte, cada um ficou na sua.
- Acho que não posso rastejar com você hoje.
A cobrinha olhou, lembrou do conselho da mãe e pensou: "Se ele chegar perto eu pulo e devoro ele. "
Mas lembrou-se da alegria da véspera e dos pulos que aprendeu com o sapinho.
Suspirou e deslizou para o mato.
Daquele dia em diante, o sapinho e a cobrinha não brincaram mais juntos.
Mas ficavam sempre no sol, pensando no único dia em que foram amigos.

Lenda africana.

LENDA DO TAMBOR AFRICANO

LENDA DO TAMBOR AFRICANO







                                 ( CONTO POPULAR DA GUINÉ-BISSAU)


Dizem na Guiné que a primeira viagem à Lua foi feita pelo Macaquinho de nariz branco. Segundo dizem, certo dia, os macaquinhos de nariz branco resolveram fazer uma viagem à Lua a fim de traze-la para a Terra. Após tanto tentar subir, sem nenhum sucesso, um deles, dizem que o menor, teve a idéia de subirem uns por cima dos outros, até que um deles conseguiu chegar à Lua. Porém, a pilha de macacos desmoronou e todos caíram, menos o menor, que ficou pendurado na Lua. Esta lhe deu a mão e o ajudou a subir. A Lua gostou tanto dele que lhe ofereceu, como regalo, um tamborinho. O macaquinho foi ficando por lá, até que começou a sentir saudades de casa e resolveu pedir à Lua que o deixasse voltar. A lua o amarrou ao tamborinho para descê-lo pela corda, pedindo a ele que não tocasse antes de chegar à Terra e, assim que chegasse, tocasse bem forte para que ela cortasse o fio. O Macaquinho foi descendo feliz da vida, mas na metade do caminho, não resistiu e tocou o tamborinho. Ao ouvir o som do tambor a Lua pensou que o Macaquinho houvesse chegado à Terra e cortou a corda. O Macaquinho caiu e, antes de morrer, ainda pode dizer a uma moça que o encontrou, que aquilo que ele tinha era um tamborinho, que deveria ser entregue aos homens do seu país. A moça foi logo contar a todos sobre o ocorrido. Vieram pessoas de todo o país e, naquela terra africana, ouviam-se os primeiros sons de tambor.

UM CONTO AFRICANO: A TARTARUGA E O ELEFANTE

UM CONTO AFRICANO: A TARTARUGA E O ELEFANTE


RECONTO DE ROBSON A. SANTOS ( É MESTRE EM EDUCAÇÃO, ARTE E HISTÓRIA DA CULTURA, EDUCADOR BRINCANTE, PEDAGOGO, FOLCLORISTA, ESCRITOR E CONTADOR DE HISTÓRIAS. CONTATOS: PROFESSORROBSON@UOL.COM.BR)


LÁ PELAS TERRAS DISTANTES DA ÁFRICA, NA REGIÃO DO BENIN, AS MÃES CONTAM ESTA HISTÓRIA PARA SEUS FILHOS. ESTA HISTÓRIA CHEGOU AO BRASIL NO COLO DE UMA BONECA AFRICANA (NÃO ME PERGUNTEM COMO, SÓ SEI QUE FOI ASSIM QUE ACONTECEU). PRESTEM ATENÇÃO NA HISTÓRIA QUE EU VOU CONTAR!
CERTA VEZ, A TARTARUGA, QUE ERA MUITO ASTUTA E ARTEIRA, RESOLVEU PREGAR UMA PEÇA NO ELEFANTE. ESPALHOU PARA TODOS DA CIDADE QUE ELA CHEGARIA AO POVOADO MONTADO NAS COSTAS DO ELEFANTE, COMO SE ELE FOSSE O SEU CAVALO. TODOS RIRAM E ACHARAM QUE DESTA VEZ A TARTARUGA LEVARIA A PIOR.
COM UM PLANO NA CABEÇA, A TARTARUGA FOI ATÉ A FLORESTA PROCURAR O ELEFANTE QUE SE ENCONTRAVA CALMAMENTE TOMANDO SEU BANHO MATINAL.
- OLÁ, COMPADRE ELEFANTE! MUITO BOM DIA! SABE O QUE ANDAM DIZENDO DE VOCÊ LÁ NO POVOADO?
- BOM DIA, COMADRE TARTARUGA. NÃO SEI" O QUE ANDAM DIZENDO?
- QUE VOCÊ NÃO ENTRA LÁ PORQUE É MUITO GRANDE E DESAJEITADO E TEM MEDO DE ESTRAGAR ALGUMA COISA.
- ORA, MAS QUE DESAFORO. NÃO ENTRO LÁ PORQUE NEM SEI COMO CHEGAR AO POVOADO.
- POIS VAMOS RESOLVER ISSO AGORA! EU TE MOSTRO O CAMINHO. ASSIM QUANDO VOCÊ CHEGAR LÁ TODOS FICARÃO COM A CARA NO CHÃO. O ELEFANTE ACEITOU A OFERTA E SE PÔS A SEGUIR A TARTARUGA ATÉ O POVOADO. ANDARAM BASTANTE ATÉ QUE A MALANDRA DISSE:
- AI, COMPADRE, ESTOU MUITO CANSADA. BEM QUE VOCÊ PODIA ME DAR UMA CARONA EM SUAS COSTAS, NÉ? PELO SEU TAMANHO NEM VAI SENTIR MEU PESO. E O ELEFANTE COLOCOU A TARTARUGA EM SUAS COSTAS E CHEGOU À ENTRADA DO POVOADO.
- OLHA, COMPADRE, VAMOS FAZER UMA BRINCADEIRA COM A GENTE DO POVOADO. QUANDO EU COÇAR SUAS COSTAS VOCÊ CORRE E QUANDO EU COLOCAR MINHAS UNHAS EM SUAS COSTAS, VOCÊ EMPINA E COM ISSO TODOS FICARÃO DESLUMBRADOS.
E O ELEFANTE ACEITOU O COMBINADO E ASSIM FIZERAM ENTRE CORRIDAS E PULOS PELAS RUAS DO POVOADO. TUDO IA BEM, COM OS DOIS RINDO À VONTADE, ATÉ QUE A TARTARUGA DEIXOU ESCAPAR:
- NÃO FALEI QUE ENTRARIA NO POVOADO MONTADO EM MEU CAVALINHO? -E RIA PARA TODOS QUE A OLHAVAM ESPANTADOS.
- EI! - DISSE O ELEFANTE - POR ACASO EU SOU O SEU CAVALINHO? VOCÊ ME ENGANOU!
E PEGOU A TARTARUGA COM SUA TROMBA E COMEÇOU A AMEAÇÁ-LA:
- POIS AGORA EU VOU TE JOGAR NAQUELE PEDREIRA E VOCÊ VAI VER SÓ!
- PODE ME JOGAR QUE EU TENHO A CASCA DURA E NADA VAI ME ACONTECER.
- AH É! POIS ENTÃO VOU TE JOGAR NAQUELA LODAÇAL, NO MEIO DA LAMA...
- NA LAMA NÃO, POR FAVOR. NA LAMA NÃO, QUE TENHO MEDO DE ME AFOGAR.
- POIS É PARA LÁ QUE VOCÊ VAI!
E JOGOU A TARTARUGA NA LAMA. NA MESMA HORA EM QUE ELA AFUNDOU, JÁ SUBIU RINDO DA CARA DO ELEFANTE.
- AQUI É O LUGAR ONDE EU GOSTO DE FICAR.
E RIA DA CARA DO ELEFANTE. ELE BEM QUE TENTOU PISAR NELA, MAS SÓ CONSEGUIU SUJAR SUAS PATAS. ELE PISAVA DE UM LADO, ELA APARECIA DO OUTRO. ELE PISAVA DO OUTRO LADO E ELA APARECIA EM OUTRO LUGAR. FEZ ISSO UM TEMPÃO ATÉ QUE SE CANSOU E VOLTOU PARA A FLORESTA, DE CABEÇA BAIXA.
QUANDO CHEGOU À FLORESTA CONTOU PARA OS OUTROS ELEFANTES O QUE AHVAIA ACONTECIDO E ELES AINDA RIRAM DELE, DIZENDO QUE ELE NÃO DEVIA TER CONFIADO NA TARTARUGA.
E DESDE ENTÃO ELEFANTES E TARTARUGAS NÃO SÃO LÁ MUITO AMIGOS E DEPOIS DESSA PRESEPADA OS ELEFANTES QUASE NEM APARECEM NO POVOADO, POIS FICARAM COM VERGONHA.

Personalidades Negras que Marcaram a Historia do Brasil


Personalidades Negras que Marcaram a Historia do Brasil

 

Zumbi dos Palmares - nasceu livre em Palmares, Alagoas,  no ano de 1655, mas foi capturado e entregue a um padre português quando tinha aproximadamente seis anos. Foi batizado com o nome de Francisco,  aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa. Fugiu aos quinze anos, em 1670. Em 1678, o governador da Capitania de Pernambuco, cansado do longo conflito com o Quilombo de Palmares, se aproximou do seu líder Ganga Zumba, oferecendo a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa. A proposta foi aceita, mas Zumbi rejeitou e desafiou a liderança de Ganga Zumba, prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa, tornando-se  o novo líder do Quilombo de Palmares. Quilombo eram aldeias  localizadas em locais de difícil acesso, na mata virgem, para onde fugiam os negros que combatiam a escravidão.  Os quilombos representaram uma das principais formas de  resistências  no Brasil Colônia. Seus habitantes eram chamados de quilombolas.  
Zumbi foi morto em  20 de novembro de 1695 lutando contra os opressores. Zumbi é um símbolo da resistência e  da luta contra a escravidão.  O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra, como determina a Lei 10.639, de 9 de Janeiro de 2003, que inclui  no currículo oficial de todas as escolas do pais,  a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", alterada  pela Lei 11.645, de 10 de Março de 2008, para incluir  a  “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Veja estas Leis na coluna à direita deste blog.  Zumbi vive!  Viva Zumbi !
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Mãe Menininha do Gantois
Nascida no Centro Histórico de Salvador em 10 de fevereiro de 1894, Mãe Menininha do Gantois, como ficou conhecida Maria Escolástica da Conceição Nazaré, teve como pais Joaquim e Maria da Glória. Descendente de escravos africanos, ainda criança foi escolhida para ser Iyálorixá no terreiro Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê, fundado em 1849 por sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré, cujos pais eram originários de Agbeokuta, sudoeste da Nigéria.
Foi a quarta das Iyálorixá do Terreiro do Gantois e a mais famosa do País. Iniciada no culto aos orixás de Keto aos oito anos de idade, assumiu definitivamente o terreiro aos 28. Foi uma das principais articuladoras do término das restrições a cultos impostas pela Lei de Jogos e Costumes de 1930, que condicionava a realização de rituais à autorização policial e limitava o horário de término dos rituais às 22 horas.
Símbolo da luta pela aceitação do candomblé pela cultura dominante, Mãe Menininha abriu as portas do Gantois aos brancos e católicos. Nunca deixou de assistir às celebrações de missa e convenceu os bispos baianos a permitirem a entrada de mulheres – inclusive ela – vestidas com as roupas tradicionais das religiões de matriz africana nas igrejas. A Iyálorixá faleceu de causas naturais, aos 92 anos de idade.

Lima Barreto

Filho de escravos em um Brasil que lutava para abolir oficialmente a escravidão, Afonso Henriques de Lima Barreto teve oportunidade de boa instrução escolar, vindo a tornar-se jornalista e um dos mais importantes escritores e militantes da causa do País. Ainda jovem, aprendeu a trabalhar com tipografia e, em 1902, começou a contribuir para a imprensa brasileira, escrevendo para pequenos veículos de comunicação.
Em jornais de maior circulação, começou a escrever em 1905, destacando-se, especialmente, no jornal Correio da Manhã, ao realizar uma série de reportagens sobre a demolição do Morro do Castelo. Posteriormente, passou a colaborar em vários jornais e revistas, sendo considerado um dos maiores críticos contra o regime republicano. Simpático ao anarquismo, passou a militar na imprensa socialista.
Resultado das lembranças do fim do período imperial no Brasil, bem como remotas recordações da Abolição da Escravatura, os livros de Lima Barreto são pincelados com indisfarçáveis traços autobiográficos. Eles começaram a ser publicados em 1909, em Portugal, sendo o primeiro o romance Recordações do escrivão Isaías Caminha. O autor teve publicados 11 livros. Sua obra mais famosa é Triste fim de Policarpo Quaresma. 


João Cândido Felisberto


Militar brasileiro, João Cândido Felisberto, o Almirante Negro, nasceu em 24 de junho de 1880 em Encruzilhada, Rio Grande do Sul, numa família de ex-escravos. Entrou para a Marinha do Brasil aos 14 anos, onde presenciou penalidades a chibatadas sobre seus companheiros, apesar de este tipo de castigo ter sido abolido em 1890.

No ano de 1910, liderada por João Cândido, a tripulação da embarcação Minas Gerais se revoltou contra seu comandante, que castigara um dos homens da tripulação com 25 chibatadas. O marinheiro passou a reivindicar o fim dos maus-tratos psicológicos e das punições corporais, liderando assim a Revolta da Chibata.

Outras reivindicações do movimento foram o aumento de salário, a redução da jornada de trabalho e a anistia dos revoltosos. A principal conquista da rebelião foi o compromisso do governo da época de acabar com a chibata na Marinha. João Cândido foi expulso da corporação ainda em 1910, sob acusação de ter favorecido os rebeldes. Faleceu no Rio de Janeiro aos 89 anos.

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Juliano Moreira

Afro-descendente nascido na capital da Bahia, Juliano Moreira ingressou na Faculdade de Medicina do Estado em 1886, apesar da origem humilde. Um dos pioneiros na psiquiatria brasileira, foi o primeiro professor universitário a citar e incorporar a teoria psicanalítica em suas aulas, além de ter representado o Brasil em congressos internacionais como os de Paris, Berlim, Lisboa e Milão nos anos de 1900.
Moreira contrariou o pensamento racista existente no meio acadêmico de sua época, que atribuia os problemas psicológicos dos brasileiros à miscigenação. À frente do Hospício Nacional dos Alienados do Rio de Janeiro, humanizou o tratamento e acabou com a clausura dos pacientes. Defendeu a idéia de que a origem das doenças mentais se devia a fatores físicos e situacionais, como a falta de higiene e de acesso à educação.
Uma de suas principais lutas foi a reformulação da assistência psiquiátrica pública.
Destacou-se por incentivar a promulgação da primeira lei federal de assistência aos alienados em 1903, ao mesmo tempo em que sugeriu novos formatos institucionais e de tratamento para as doenças mentais. Deve-se a esse grande cientista e gestor afro-brasileiro a criação do Manicômio Judiciário e a aquisição do terreno para construção da Colônia Juliano Moreira.

Antonieta de Barros


Nascida em 11 de julho de 1901, Antonieta de Barros foi a primeira mulher a integrar a Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Educadora e jornalista atuante, teve que romper muitas barreiras para conquistar espaços que, em seu tempo, eram inusitados para as mulheres – e mais ainda para uma mulher negra.

Deu início às atividades como jornalista na década de 1920, criando e dirigindo em Florianópolis, onde nasceu, o jornal A Semana, mantido até 1927. Na mesma década, dirigiu o periódico Vida Ilhoa, na mesma cidade. Como educadora, fundou o Curso Antonieta de Barros, que dirigiu até a sua morte, em 1952, além de ter lecionado em outros três colégios.

Manteve intercâmbio com a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino e, na primeira eleição em que as mulheres brasileiras puderam votar e receberem votos, filiou-se ao Partido Liberal Catarinense, que a elegeu deputada estadual. Tornou-se, desse modo, a primeira mulher negra a assumir um mandato popular no Brasil, trabalhando em defesa dos diretos da mulher catarinense.

 Mãe Aninha
Filha de africanos, Eugênia Anna Santos, a ialorixá Obá Biyi, nasceu em Salvador. Mais conhecida como Mãe Aninha, ela foi instruída no candomblé do Engenho Velho – a casa de Mãe Nassô –, fundado por volta de 1830 e o primeiro a funcionar regularmente na Bahia. Saiu de lá para formar uma nova casa, o Ilê Axé Opô Afonjá, hoje considerado Patrimônio Histórico Nacional.
Mãe Aninha sempre lutou para fortalecer o culto do candomblé no Brasil, além de garantir condições para o seu livre exercício. Por intermédio do ministro Osvaldo Aranha, que era seu filho de santo, Mãe Aninha provocou a promulgação do Decreto Presidencial nº 1202, no primeiro governo de Getúlio Vargas, pondo fim à proibição aos cultos afro-brasileiros em 1934. 
Em sua época, foi uma personalidade importante, muito respeitada e popular, principalmente nos candomblés do Estado da Bahia. Falecida no ano de 1938, a ialorixá Mãe Aninha foi sucedida por Mãe Bada de Oxalá e, posteriormente, por Maria Bibiana do Espírito Santo, Oxum Muiuá, popularmente conhecida como Mãe Senhora de Oxum.
Carolina de Jesus


Filha de negros, Carolina de Jesus nasceu em Sacramento, Estado de Minas Gerais. De família pobre, a intelectual brasileira contou com a proteção de Maria Leite Monteiro de Barros, que patrocinou seus estudos. Célebre intérprete lírica brasileira, Carolina foi também escritora e tem em sua obra um importante referencial para os estudos culturais no Brasil e no mundo.

Por meio de sua escrita de contestação, Carolina revela a importância do testemunho como meio de denúncia sociopolítica de uma cultura hegemônica que exclui. Sua obra mais conhecida é Quarto de despejo, que resgata e delata uma face da vida cultural brasileira no início da modernização da cidade de São Paulo e do surgimento de suas favelas.

Sua obra, que é considerada a literatura das vozes subalternas, inspirou diversas expressões artísticas, como a letra do samba Quarto de despejo, de B. Lobo; o texto em debate no livro Eu te arrespondo, Carolina, de Herculano Neves; a adaptação teatral de Edy Lima e o filme Despertar de um sonho, realizado pela Televisão Alemã, utilizando a própria Carolina de Jesus como protagonista.


Luiz Gama


Filho de fidalgo português com uma africana, Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu livre em Salvador, porém, aos 10 anos, foi vendido como escravo pelo pai para pagar uma dívida de jogo. Foi transportado para o Rio de Janeiro e mais uma vez vendido num lote de mais de cem escravos, dessa vez, seguindo para a Província de São Paulo. Aprendeu os ofícios do escravo doméstico – copeiro, sapateiro, lavagem e passagem de roupas.

Aos 17 anos, serviu ao estudante Antônio Rodrigues de Araújo, que se hospedou na fazenda onde Luiz vivia. O jovem tornou-se seu amigo e o ensinou a ler e escrever. Frequentou o curso de Direito, que não chegou a completar. Tornou-se jornalista renomado ligado aos círculos do Partido Liberal. Junto a Rui Barbosa, fundou o jornal Radical Paulistano em 1869. Foi líder da Mocidade Abolicionista e Republicana.

Sua liderança deu origem ao movimento abolicionista paulista. Apesar de não ter se formado, tinha autorização do poder judiciário para exercer a advocacia em primeira instância. Sozinho, foi o responsável pela libertação de mais de mil cativos, um feito notável considerando-se que agia exclusivamente com o uso da lei. Luiz Gama faleceu vítima de diabetes na cidade de São Paulo em 1882.


Abdias do Nascimento


Nascido em 1914 no município de Franca, Estado de São Paulo, Abdias foi filho de Dona Josina, a doceira da cidade, e Seu Bem-Bem, músico e sapateiro. Embora de família pobre, conseguiu se diplomar em contabilidade em 1929. Aos 15 anos alistou-se no exército e foi morar na capital São Paulo, onde anos depois se engajou na Frente Negra Brasileira e se envolveu na luta contra a segregação racial.

Dramaturgo, poeta e pintor, atuou também como deputado federal, senador e secretário de Estado onde desenvolveu aspectos dessa luta. Autor das obras Sortilégio, Dramas para Negros e Prólogo para Brancos e O Negro Revoltado, relatou em seus livros as realidades quilombolas e levantou temas como o pensamento dos povos africanos, combate ao racismo, democracia racial e o valor dos orixás nas religiões de matriz africana.

Com uma trajetória marcada pelo ativismo, Abdias teve como resultado de suas iniciativas importantes desdobramentos na defesa e na inclusão dos direitos dos afrodescendentes brasileiros. Conquistas de suas lutas foram a contemplação da natureza pluricultural e multiétnica do país na Constituição de 1988, a criminalização do racismo e os primeiros processos de demarcação das terras de quilombos.


Ernesto Carneiro

Médico e literato brasileiro nascido em Itaparica, Estado da Bahia, o afrodescendente Ernesto Carneiro Ribeiro foi pioneiro ao produzir uma gramática baseada na língua portuguesa. Diferente das gramáticas então existentes, expôs e defendeu a normatização de peculiaridades da língua oficialmente falada no país. Formado em medicina, Ernesto dedicou-se ainda ao magistério.

Polêmico, foi responsável por famosos debates linguísticos sobre o parecer do jurista Rui Barbosa em relação aos oito volumes do Projeto do Código Civil Brasileiro, publicado pela Imprensa Nacional (1902). Envolvido a contragosto na apreciação do projeto, destacou aspectos do português falado no Brasil, nunca antes percebidos pelos gramáticos.

Sobre o assunto, publicou A redação do projeto do código civil (1902) e A réplica do dr. Rui Barbosa (1905). Quando recém-proclamada a República, participou de uma comissão formada pelo governador Manuel Vitorino, destinada a elaborar um plano de ação educacional. Ernesto Carneiro faleceu em sua terra natal, em 13 de novembro (1920), aos 81 anos.